Quando publiquei no Instagram, expliquei que os genes B/b e E/e determinam as cores da pelagem dos Labradores. Hoje vamos aprofundar este tema.
1. Por que esses genes são tão importantes?
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Locus B (B/b)
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“B” (dominante): produz pelagem preta ou marrom-escura (eumelanina preta).
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“b” (recessivo): resulta em chocolate quando está em dose dupla.
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Locus E (E/e)
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“E” (dominante): permite que a cor determinada por B/b seja exibida (preta ou chocolate).
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“e” (recessivo): se estiver em dose dupla (ee), bloqueia completamente a ação de B/b, e a pelagem será amarela — este fenômeno é chamado de epistasia recessiva.
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2. Quais genótipos resultam em cada cor?
Cor da pelagem | Genótipos possíveis | Resultado |
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Preta / preta-carregando | BBEE, BBEe, BbEE, BbEe | Pelagem preta |
Chocolate | bbEE, bbEe | Pelagem chocolate |
Amarela | BBee, Bbee, bbee | Pelagem amarela |
Note que mesmo com bb, se houver “ee”, o resultado é amarela; o mesmo vale para “BBee”, “Bbee”.
3. Ninhadas de pais BbEe × BbEe: por que surgem todas as cores?
Quando você cruza dois animais heterozigotos duplos (BbEe × BbEe), utilizando um quadro de Punnett:
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25% vão ser pretos (B– E–)
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25% chocolate (bb E–)
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25% amarelos (B– ee)
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25% amarelos com “bb ee” (também amarelos, mas com nariz e bordas dos olhos chocolate, conhecidos como “Dudleys”)
4. Atualizações recentes e fatores extras
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Sombras e diluições:
Existem genes que afetam variantes na cor, provenientes de misturas como “silver” ou “champagne”, embora essas não sejam reconhecidas oficialmente pelo AKC (American Kennel Club) como cores padrão da raça. -
Expressões de outros genes:
Pesquisas recentes apontam para efeitos do locus K (relacionado ao “dominant black”) e ao Agouti, embora seu impacto na pelagem dos Labradores seja pequeno comparado aos genes B e E . -
Dudley:
Cães com genótipo “eebb” têm pelagem amarela, mas nariz e bordas dos olhos de cor chocolate — são chamados “Dudley” e são menos valorizados em exposições.
5. Por que isso interessa ao criador e ao tutor?
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Previsão de cores: com testes genéticos (B e E), é possível antecipar a cor da ninhada.
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Manutenção de linhagens: identificando cães portadores, evita-se surpresas.
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Padronização conforme registro: certos tons ou ausência de pigmentação podem ser desqualificados em exposições, mesmo que saudáveis.
Bibliografia recomendada
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Gallivant Labradors. The Color Genetics of Labradors. Disponível em: Gallivant Labradors, acessado recentemente sobre a herança genética das cores preto, chocolate e amarelo Nahf+10Gallivant Labradores+10letstalkacademy.com+10.
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Biology Corner. “Epistatic Alleles and Labradors”. Explora como o gene E exerce epistasia recessiva sobre o gene B, bloqueando a pigmentação Labbies+11The Biology Corner+11digfir-published.macmillanusa.com+11.
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Wikipedia. “Labrador Retriever coat colour genetics”. Revisão detalhada sobre a interação dos genes B e E, incluindo o papel de TYRP1 e MC1R The Labrador Site+15Wikipedia+15Nahf+15.
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Let’s Talk Academy. “Understanding Labrador Coat Color Genetics: A Classic Case of Epistasis”. Aborda o padrão fenotípico 9:3:4 característico da epistasia nos Labradores letstalkacademy.com+1Wikipedia+1.
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Nahf. Unlocking Colours of Labradors: Genetics & Breeding Secrets. Revisão concisa da genética dos genes B e E doe.mass.edu+15Nahf+15Nahf+15.
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University of California, Davis Veterinary Medicine. “Coat Color Inheritance in the Labrador Retriever”. Introdução à genética das três cores clássicas Nahf+13Saúde Animal+13Labbies+13.
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Cornell University Department of Animal Science. “Basic Animal Genetics” (seção sobre epistasia). Exemplifica como o genótipo ee mascara o efeito do gene B letstalkacademy.com+3basicgenetics.ansci.cornell.edu+3LiquiSearch+3.